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Elas na construção civil: mulheres conquistam novos espaços no setor
Projetar, analisar dados, administrar e colocar a mão na massa para tirar uma obra do papel – essa é parte da rotina da construção de um empreendimento, onde cada vez mais mulheres estão conquistando espaço e ocupando diversos postos de trabalho.
Embora a presença masculina seja predominante no setor, pesquisas apontam que a força de trabalho feminina está aumentando nos canteiros de obras de todo o Brasil. De acordo com dados do IBGE, houve um aumento de 120% no número de mulheres atuando na construção civil nos últimos 20 anos no Brasil.

Em Sorocaba, é possível ver reflexos deste cenário nacional. A Construtora Planeta, por exemplo, possui atualmente 163 colaboradoras em funções que vão de estagiárias em engenharia e auxiliares de obras à diretoria financeira. A presença delas na empresa vem crescendo constantemente e nos últimos dois anos este número mais do que dobrou: em 2023, eram 75 colaboradoras trabalhando nos escritórios e canteiros de obras – um aumento de 217,3%. Dos 44 cargos de liderança da organização, 14 são ocupados por mulheres.
Segundo Welma Pereira, Diretora Administrativa Financeira da empresa, a tendência é crescer ainda mais. “Temos percebido que o interesse das mulheres pelas vagas na construção civil vem aumentando e hoje temos analistas, assistentes e engenheiras muito capacitadas em nossos canteiros de obras. Faz parte da cultura da empresa identificar talentos e dar oportunidades para que se destaquem. Temos mulheres ocupando cargos de grande responsabilidade que exigem muita competência, comprometimento e garra. De modo geral, nós mulheres possuímos habilidades intrínsecas como sensibilidade, atenção aos detalhes e zelo, qualidades que fazem toda a diferença em nosso trabalho”, diz.
Welma é um exemplo disso. Ela atua há 2 anos e meio como Diretora Administrativa Financeira na Construtora Planeta, uma das maiores construtoras do país, e tem mais de 20 anos de experiência no segmento de Incorporação Imobiliária. “Ao alcançarmos cargos de liderança, nos tornamos fonte de inspiração para outras profissionais, que passam a perceber que existem amplas oportunidades para crescer na carreira e atingir grandes posições em uma empresa. O mercado compreendeu que não são apenas os homens que têm condições de atuar na construção civil e com isso a presença feminina avança cada vez mais”, diz ela.
História
Assim como Welma, algumas personagens históricas são fonte de inspiração para as novas gerações. Emily Roebling é uma delas: ela assumiu a função de engenheira-chefe na construção da famosa Ponte do Brooklyn, em Nova York, depois que seu marido, Washington Roebling, adoeceu. Embora não fosse formada na área, aprendeu sobre projetos acompanhando o trabalho dele e concluiu a obra.
No Brasil, a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, foi criada em 1792 no Rio de Janeiro, mas a formatura de Edwiges Maria Becker Hom’meil, a primeira engenheira brasileira, só aconteceu mais de 120 anos depois, no ano de 1917. Outra mulher inspiradora é Enedina Alves Marques, que se formou em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945, se tornando a primeira mulher graduada em engenharia no Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil. Ela participou de importantes obras, como a construção da Usina Capivari-Cachoeira, a maior hidrelétrica subterrânea do sul do país.
