Tabu retarda diagnóstico e aumento de mortes por câncer de próstata em São Paulo

São Paulo concentra 3.499 dos 7.366 óbitos por câncer de próstata registrados na região Sudeste em 2024, confirmando a persistência de uma alta mortalidade no estado. No Brasil, o câncer de próstata continua crescendo e matou 17.587 pessoas em 2024, representando um aumento de 1,7% em relação aos 17.258 óbitos registrados em 2023.

O câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens brasileiros e a segunda principal causa de morte nessa população, perdendo apenas para o câncer de pulmão. Entre 2023 e 2025, o Ministério da Saúde estima o surgimento de aproximadamente 215 mil novos casos, equivalente a cerca de 72 mil diagnósticos por ano.

Apesar dos avanços nas campanhas de conscientização, o tabu em torno da doença continua retardando o diagnóstico. O oncologista Dr. Michel Fabiano Alves, membro da Organização Nacional de Acreditação (ONA), destaca que muitos homens ainda evitam realizar exames essenciais, permitindo que o diagnóstico ocorra apenas quando a doença já está em estágios avançados, tornando o tratamento mais complexo e invasivo.

Cerca de 75% dos casos ocorrem em idosos com mais de 65 anos, embora a incidência entre mais jovens esteja aumentando. Entre os sinais de alerta estão a dificuldade para urinar, jato fraco ou necessidade frequente de urinar durante a noite. Sintomas como sangue na urina ou no sêmen, dor pélvica, nas costas ou nos quadris, perda de peso e cansaço excessivo exigem atendimento médico imediato.

A detecção precoce aumenta em até 95% as chances de cura. O médico ressalta que o exame de sangue PSA, a partir dos 45 a 50 anos, e a consulta regular com o urologista são os primeiros passos, especialmente para quem não apresenta nenhum sintoma. Quando há alterações, exames complementares como biópsia guiada por ultrassom ou ressonância magnética ajudam a confirmar o diagnóstico.

No Brasil, o SUS realizou 37.917 cirurgias de câncer de próstata em 2024, aumento de 10,9% em relação aos 34.176 procedimentos registrados em 2023. O tratamento depende do estágio da doença: quando descoberto na fase inicial, a cirurgia ou radioterapia isolada costumam ser suficientes. Nos estágios mais avançados, torna-se necessário associar outras ferramentas terapêuticas como hormonioterapia e quimioterapia, que apresentam maiores toxicidades.

Dr. Michel Fabiano Alves pontua que cada caso deve ser analisado por uma equipe multidisciplinar para definir o tratamento mais adequado. A Organização Nacional de Acreditação reforça a importância de garantir que o diagnóstico e tratamento ocorram de forma segura, rápida e eficaz, reforçando os processos de qualidade em todas as etapas da linha de cuidado, tanto em instituições privadas quanto no SUS.

Publicidade