A transformação urbana de Jundiaí ganha contornos definitivos com o atual ciclo de verticalização, marcado por empreendimentos residenciais e comerciais que redefinem a paisagem da cidade. Enquanto o período entre 2005 e 2010 foi dominado por condomínios horizontais, os últimos anos testemunham uma guinada estratégica: prédios de médio e alto padrão ocupam áreas centrais e periféricas, impulsionados pela valorização do solo, crescimento populacional e demandas por infraestrutura sustentável. Construtoras como Auten Incorporadora, Patriani e Emccamp lideram esse movimento, trazendo projetos que combinam tecnologia, localização privilegiada e inovação.
Auten Incorporadora: exclusividade e sustentabilidade no Jardim Samambaia
A Auten Incorporadora, parte do Grupo Cataguá, destaca-se com o Terrace Serra do Japi, empreendimento de alto padrão localizado no Jardim Samambaia, na região do Malota. Com 104 unidades distribuídas em três torres, o projeto alcançou mais de 50% das vendas em menos de dois meses, um feito notável para o segmento premium. O diferencial está na integração entre design arquitetônico assinado por Fernando Rivaben e Nivaldo J. Callegari e a vista permanente para a Serra do Japi, cartão-postal da cidade.
Tecnologia e sustentabilidade
O Terrace incorpora práticas sustentáveis, como painéis fotovoltaicos para geração de energia, aproveitamento de água de reuso para irrigação e 41% da área destinada a espaços verdes. A tecnologia também é protagonista: reconhecimento facial nos elevadores sociais, fechaduras eletrônicas na entrada de serviço e infraestrutura para carros elétricos.
“Nossos empreendimentos estão sempre em região nobre e com amplo acesso à rede de conveniência e serviços, com projetos assinados por arquitetos e paisagistas renomados, sendo marcados pela exclusividade. Elevamos a experiência pela integração entre design moderno e funcional, para que cada espaço supere as expectativas dos nossos clientes”, afirma Daniel Carvalho, diretor da Cataguá Soluções Imobiliárias.
A Auten também planeja lançar um novo empreendimento de alto padrão na cidade, mantendo o foco em “ícones de valorização e localização”.
Perfil do comprador e estratégia de mercado
Segundo a Auten, o atual perfil do comprador é composto por profissionais que buscam tranquilidade sem abrir mão da conexão com grandes centros. “Após a pandemia, muitos migraram de casas para apartamentos, priorizando localização estratégica e menor custo de manutenção.” A empresa, embora focada no alto padrão, integra um grupo (Cataguá) que desenvolve projetos para diferentes faixas de renda, equilibrando exclusividade e acessibilidade.
Emccamp: verticalização para diversas faixas de renda
Enquanto a Auten foca no alto padrão, a Emccamp diversifica sua atuação. Seu projeto Villagio dos Eucaliptos, no bairro Medeiros, oferece 266 casas em condomínio fechado, com plantas de 50 a 58 m² e preços a partir de R$ 435 mil. Já o Residencial Mirante, na Vila Rio Branco, é um exemplo de verticalização acessível, com apartamentos de três dormitórios e área de lazer completa.
Inovação construtiva e sustentabilidade
A Emccamp utiliza técnicas como paredes e lajes em concreto moldadas in loco com formas de alumínio, reduzindo resíduos e acelerando prazos. Tubulações em PEX (polietileno reticulado) minimizam a necessidade de quebras em futuras manutenções, enquanto dispositivos antissurtos elétricos aumentam a segurança. “Buscamos equilibrar eficiência, custo e durabilidade”, explica André Del Nero, diretor de Incorporação da empresa.
A ventilação cruzada e a iluminação natural são priorizadas nos projetos, reduzindo o consumo energético.
Adaptação ao mercado e desafios
A construtora atende ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com 80% de seus projetos enquadrados nas faixas 1 a 4. No entanto, em Jundiaí, a demanda por habitações populares ainda supera a oferta: unidades do MCMV são vendidas integralmente em pré-lançamento. Entre os desafios destacados estão o alto custo de terrenos em áreas estratégicas (como o Distrito Industrial, onde lotes ultrapassam R$ 22 milhões) e a necessidade de atualização constante da infraestrutura urbana, especialmente redes de água e energia.
Contexto urbano: por que verticalizar?
Pressão demográfica e valorização do solo
Jundiaí registrou um crescimento populacional de 19,7% entre 2010 e 2022, chegando a 443 mil habitantes. Com a Serra do Japi ao sul e a urbanização consolidada ao leste, a expansão horizontal esbarra em limites geográficos.
Infraestrutura e mobilidade
A verticalização exige investimentos em mobilidade. O prolongamento da Avenida Antônio Frederico Ozanam, com investimento de R$ 143 milhões, inclui quatro pontes, túneis e ciclovias, visando absorver o tráfego de 40 mil veículos diários.
Destaques do mercado em 2025
Preços e estoque
O metro quadrado em lançamentos atingiu R$ 8.230, próximo a valores metropolitanos. Apesar disso, o estoque é um dos mais baixos da história: 1,7 unidade para cada 1.000 habitantes. Até o fim do ano, 5.000 novas unidades serão entregues, representando a maior onda de inaugurações da cidade.
Lançamento inesperado
O conhecido terreno da Avenida Frederico Ozanan que abrigou, por mais de uma década, o Espaço Santa Angela, será transformado em dois condomínios da construtora Patriani. No local serão construídos o Epic Jundiaí e o Mistral Jundiaí.
Imagem: Divulgação/PATRIANI
Áreas em alta
- Jardim Samambaia: nobreza e proximidade com a Serra do Japi atraem projetos como o Terrace, da AUTEN.
- Medeiros: combinando verticalização e condomínios horizontais, o bairro recebe o Villagio dos Eucaliptos, da Emccamp e Brisas do Japi, da VVC.
- Anhangabaú, Jardim Botânico e Vila Rio Branco: tratados como bairros centrais, estes bairros receberam, no último ano, diversos empreendimentos. Além disso, ainda existem condomínios a serem lançados, principalmente no Jardim Botânico.
- Colônia: um dos bairros mais tradicionais de Jundiaí e próximo ao centro da cidade, o Colônia conta atualmente com a construção do Residencial Vigore, da Santa Angela.
Desafios e futuro
Sustentabilidade e equidade
A prefeitura exige 25% de áreas verdes em novos empreendimentos e níveis mínimos de insolação. Em 2025, 1.100 árvores serão plantadas no Vetor Oeste, visando conforto térmico. No entanto, o déficit habitacional persiste: 220 famílias dependem de auxílio-aluguel, e projetos populares como os 200 apartamentos da CDHU no Jardim São Camilo são insuficientes.
Jundiaí vive um momento de transição urbana irreversível. Se, por um lado, a verticalização otimiza o uso do solo e atrai investimentos, por outro, exige planejamento rigoroso para evitar segregação socioespacial e colapso na infraestrutura.
Construtoras como Auten e Emccamp ilustram a dualidade do mercado: de um lado, o luxo e a tecnologia; de outro, a busca por acessibilidade. O desafio, agora, é garantir que o “boom” vertical não reproduza os erros do passado, mas consolide Jundiaí como modelo de cidade densa, verde e inclusiva.
As construtoras Mac Lucer, Santa Angela e Tebas foram contatadas, mas não enviaram respostas. A construtora PATRIANI informou que infelizmente não poderia responder às questões a tempo.